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A mostrar mensagens de outubro, 2009

S I L Ê N C I O

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Quando ele acordou naquela manhã, não viu ninguém. O silên cio ressoava na penumbra do quarto e ele ponderou abrir as pesadas portadas de madeira para deixar entrar um pouco de luz, mas as forças faltaram-lhe. Soçobrou, sentindo-se irremediavelmente perdido para si mesmo e para os outros, e encolheu-se debaixo dos cobertores. Na sua cabeça vagueavam medos irrisórios de espectros que viriam para o assombrar e ansiou por ruídos que se sobreporiam ao silêncio e o chamariam de volta à realidade do seu dia-a-dia e eliminariam aquele torpor onde se encontrava. Nada. Apenas aquele silêncio desconcertante, semelhante a um martelar oco e frio na sua mente, no seu quarto, no seu mundo. Ganhando uma dose de coragem, levantou-se e saiu do quarto, percorrendo com um vagar irritante as divisões da sua casa. Escuras, todas elas. Vazias. Quase despidas, quase sem alma. «Estou só», pensou. «Só». E aquela palavra tão pequena ganhou vida própria e gritou-lhe aos ouvidos do coração «ESTÁS SÓ! SÓ! SÓ!», e