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Confissão

O que é a existência senão a mera transfiguração do ser em auras e momentos de luz e sombra? Ou de ambos... todo o ser é ambíguo e mutável, capaz de se moldar e modelar a partir de si mesmo ou do ambiente em que se projecta. Passamos do ódio ao amor, da tristeza à alegria exuberante tão espontaneamente que por vezes - na maioria das vezes - essa transição é quase imperceptível. Eu carrego em mim o sabor da vida porque existo, porque me identifico com a vida nas suas vertentes de sofrimento, contemplação, alegria e luta, porque sinto em mim a vontade de ser. E ser significa conquistar, conhecer, aprender, mas também significa cair. E é nessa altura que o ciclo se renova . Desistir . Pensei nisso em diversas alturas. Pedi à minha vontade que fizesse o mesmo, e ela riu-se da minha fraqueza e mostrou-me que a vida em si é já um objectivo, senão O objectivo real, primordial, derradeiro. Quando olho para trás vejo inocência, revolta, fraqueza, dor, alegria, cansaço, aprisionamento, orgulho,
Por favor digam-me que quando morremos acabou-se tudo. Digam-me que a reincarnação e o céu e o inferno não existem. Por favor digam-me que quando finalmente a minha vida acabar eu não vou sentir mais nada, não vou ter de sofrer nunca mais e vou finalmente ter paz. Acabar. Deixar de ser. Desaparecer. E depois digam-me que já falta pouco, porque eu estou tão, tão cansada. Todos os sonhos não passaram de sonhos. E eu sei que a culpa foi minha. Isso eu sei. Alguém foi injusto comigo - e a culpa pelos vistos foi minha. Alguém me tratou mal - a culpa é minha. (então se eu tratar mal uma pessoa a culpa será dela? Não, deve ser minha também). Alguém disse mentiras a meu respeito - não, devem ser verdades, porque a culpa é sempre minha. Eu sofro - a culpa é minha. Mas atenção, que o mundo não gira à minha volta! Sim, porque eu sou linda, bem-feita, com imenso sucesso pessoal e profissional e montes de amigos que me procuram mesmo que eu não os procure a eles, e até posso dizer aos q

15/04/2012

Há um ano estava sol e calor, e depois choveu, e depois foi mágico.

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Escolha

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Procurei-te não sei em que fim de tarde de Outono, quando o sol começava a desaparecer atrás dos montes e os seus raios beijavam ainda as folhas vermelho-acastanhadas das árvores. Em frente a mim estendia-se um caminho de terra batida, antigo e esburacado, que se desdobrava mais adiante, como que a imposição de uma escolha a partir da qual se desenharia o futuro nas linhas da vida. Por trás de mim, ao fundo, erguiam-se os montes, imponentes, difíceis de subir, parecendo fundir-se com o céu e as nuvens. Por cima destas, bem lá no alto, vislumbrava-se já o recorte branco da lua, um traço fino como a pincelada suave e precisa de um artista, uma lágrima suspensa no céu. Dia e noite, sol e lua, coexistindo em harmonia, o equilíbrio perfeito entre a luz e a escuridão, a atracção inegável de dois opostos... Parei, no meio da estrada, sem saber o que fazer, qual o caminho a seguir. O vento não passava de uma brisa amena que acariciava o meu rosto; a minha sombra projectava-se no solo como uma

(Un)Reality

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É quando me refugio nos recantos negros da noite que a sinto. Vem devagarinho, silenciosa e reconfortante, como a carícia esperada de um amante, para depois me surpreender com a sua presença esmagadoramente forte e perturbadora. Embora já consiga antecipá-la, nada consigo fazer para lhe resistir e, enquanto ela penetra o mais profundo do meu ser, toma conta da minha alma e desencadeia em mim esse frenesim louco e dormente que me passa a comandar, eu sou apenas espectadora de mim própria, retirada de mim, um outro eu que não aquele que me sinto sem o ser realmente, como se aquilo que verdadeiramente sou fosse este visitante inquieto que à noite assola o meu corpo e o meu espírito. Nessas alturas, é como se toda a minha vida mais não fosse doq ue um perpétuo limbo, lusco-fusco de emoções recalcadas, crepúsculo de alguém que, sem ter vivido,a guarda a morte, e apenas vive e renasce em toda a sua plenitude nesses escassos momentos em que ela vem. Sim, é quando a sinto, essa luz diáfana e i

Something out of my mind

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E então chegou o dia em que ele foi ter com ela para se despedir. Levava no coração a tristeza de a ver partir e a alegria de saber que ela voltaria e, embora se estivesse a despedir de duas pessoas diferentes numa só, prometera a si próprio agir como se fosse apenas uma delas. Levava algo para lhe dar, algo que representava um pouco de si. Gostaria de ficar com algo dela, mas não o disse. "Espero que corra tudo bem", disse-lhe ele. «Espero que sintas saudades minhas», pensou. Ele não precisou de lhe dizer que iria ter saudades dela, porque ela já o sabia, tal como sabia tantas outras coisas que ele não lhe podia nem devia dizer. Mas sim, ele iria sentir a falta daquelas duas pessoas que ela é, de ambas com a mesma intensidade, e aguardaria o regresso de ambas com a mesma vontade. Ele não queria que ela visse nele nada a não ser o sorriso e a boa disposição, para que assim tivesse vontade de voltar a vê-lo. Não queria mostrar tristeza nem sofrimento nem insegurança. E, por is

A place where I can be...

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Todos nós temos um local especial onde nos sentimos livres, onde deixamos cair as máscaras e nos permitimos ser, em pleno, sem termos de fingir. Podemos ir a esse local muitas vezes, ou apenas de vez em quando, mas quando o fazemos sentimo-nos renascer para nós próprios e para a vida, e conseguimos ver claramente, bem dentro daquilo que somos, e encontrar respostas para os nossos problemas. Normalmente estamos sós nesse local, mas podemnos levar lá alguém especial, que nos compreende e com quem nos sentimos bem, e podemos partilhar com essa pessoa essa sensação de paz, de liberdade e de amor incondicional que nos invade. O meu local especial não é apenas um. É a natureza em estado selvagem, representada por uma paisagem de mar e rochas ou por árvores cobertas de fetos e musgo. É onde eu sinto vontade de abrir os braços e abraçar o universo, de fechar os olhos e ficar a ouvir o silêncio, onde me sinto simultaneamente pequena e parte de tudo. É raro ir a um local assim, e às vezes a nece

Sentir

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Queria sentir. Queria conseguir deixar de sentir. Queria sair deste estado de apatia e queria conseguir chorar porque estas lágrimas que caem na minha alma e me sufocam não são visíveis... não me deixam respirar... quero ser eu, quero rir, quero o meu mar... como é que podemos perder algo que nunca tivémos? quero libertar-me de mim, quero ser uma pessoa melhor, alguém que mereça a pena amar... quero dizer tudo o que não se pode dizer e fazer tudo o que não se pode fazer e não quero nada disto... não sei quem sou, não sei o que quero...não sei para onde seguir, não sei onde ir buscar forças... não quero seguir, não quero forças... quero aquele mundo em que eu estava feliz...

30 anos e um poema

Quem me sei não o esqueci, mas não o digo. Prefiro esconder-me de mim dentro de mim E assim ser apenas aquilo que pareço ser. Sonhos, promessas, ilusões, esperanças... Porque insistem se não vos posso ter? Se vos abandonei quando me abandonei? A realidade de ontem foi o sonho pleno A realidade de hoje foi apenas a realidade A realidade de amanhã poderá ser o que eu quiser? A criança que fomos para onde foi? O sorriso que temos virá do coração? As lágrimas que não choramos virão da alma? Os sonhos que temos poderão chegar a ser? Enquanto a vida é vida... Será que estamos sempre a tempo? Será que é a idade que dita o tempo e eu devo acordar? E começar a morrer?