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A mostrar mensagens de fevereiro, 2005

A Estrela mais Brilhante

Procuro a essência do teu olhar no lago profundo e misterioso daquilo que procuras em mim. Onde está o sonho que te uniu a mim no mar da esperança? Onde o sorriso que me fez procurar o significado da vida? Tento compensar a tua ausência com as recordações. Recordações do mundo que vivemos juntos, com o amor que tu me deste e que eu te dei. Foi o universo que te roubou de mim? Foi o mundo, ou fomos nós que não soubemos encaminhar os nossos sentimentos para um bem maior? Mergulho o meu olhar na lua prateada que me observa, e encontro lá o teu próprio olhar. Vazio. Sem vida. Não há nada que eu possa fazer. Nada que te devolva ao corpo que eu amei. * A tua alma é agora livre e feliz. Tens agora em ti, real, o sonho que te fazia desesperar por não ser verdadeiro. Tens a oportunidade de uma vida espiritual bem melhor. Devia estar feliz por ti, mas o meu materialismo, o meu egoísmo, impedem-me de me alegrar pela tua libertação. Os meus olhos já não vêem, só sinto a dor, a angústia porque nã

Metáfora

Olho a lua que enfeita a noite sombria, emitindo raios de luz ofuscante que violentam o meu ser. Prende-me no meio dessa mórbida loucura dormente e expandida e permite-te voar, flutuar num espaço onde chovem estrelas de fogo colorido e ofuscante, e transporta-me nesse teu abraço esmagador e sublime até à mais perfeita forma de sentir aquilo que somos sem medo do julgamento que nos condena à morte. Somos um produto de algo puro e inconstante, maléfico e divino, protector e ameaçador. Corremos nesta corda bamba das emoções, dos risos sufocantes de lágrimas, e não sabemos se do outro lado subsiste a morte crepitante ou a salvação momentânea. Sinto o teu beijo que queima os meus lábios por entre as sombras bruxuleantes do pecado que não vai existir, e procuro a essência da tua alma para além daquilo que a encerra. Responde-me! Mata de uma vez a ilusão angustiante de quem ainda acredita num sonho que não é cremado pela vontade egoísta dos punidores dos que amam, mas mostra-me aquilo que és

Devaneios (I)

Raios de luz perdidos na imensidão de um olhar que murmura palavras que os lábios nunca conseguiriam dizer excepto num beijo. Recordo a maneira como me prendi nesta profusão de sentidos em que pude dizer que fomos um do outro, num lugar sem tempo e sem memória, perdidos para sempre na amplitude daquilo que tu criaste para mim quando me envolveste no teu corpo de luar. Quero-te, e nessa ânsia de querer chego a odiar aquilo que me fazes sentir, a forma como me fazes desejar sair daquilo que sou eu dentro de mim e partir para um lugar onde possa começar de novo sem amarras, sem sofrimento. 2000

Devaneios (II)

A verdade que procuro para mim própria é aquela que os sentidos me negam, perdidos na mais absurda forma de acção daquilo que não é e não pode existir. Sinto que navego num barco sem ancoradouro sem ponte onde amarrar a corda do destino e, no entanto, reconheço que a verdade da luz subsiste para lá das cortinas de aço que eu própria construí. Sei o que é o certo e o errado, e mesmo assim tento encontrar no errado algum aspecto positivo que me faça seguir em frente – mesmo sabendo que nunca o vou encontrar, porque ele não existe, nem mesmo na minha imaginação. Teia de sonhos, teia de enredos e de esperanças destruída por um dedo imaginário que padece na obscuridade de uma palavra que nunca será dita. 2000

Devaneios (III)

As sombras adensavam-se cada vez mais. Era necessário fugir, encontrar um modo diferente de ser e de sentir a nossa própria ambiguidade e fazê-la retroceder até ao final dos tempos, até onde já não existisse mais a noção daquilo que podia ser e não foi feito. E então procuras a luminosidade daquele que foi o teu primeiro olhar, o primeiro olhar a sério para dentro da tua própria alma, do teu único ser, e encontras a multiplicidade, a divisão das formas, da essência de uma vida que anseia pelo reencontro e tem sede de conquista. Queres aperfeiçoar-te, perder-te no mais fundo abismo de ilusão e permanecer aquém de tudo o que te é negado, mas as tuas próprias fronteiras alargam-se, e aí é só o vazio, a incerteza de uma oração que não foi ouvida e te foi simplesmente negada, de algo que podias ter feito que te possibilitasse viver com a certeza de que não és quem pensas ser. 2000

Devaneios (IV)

Perdida nesse sonho, sem saber o que fazer par ame reencontrar no mais infinito do ser e de toda uma realidade que teima em sobressair do mais perene que existe no Mundo. O Amor mostrou-se-me num instante, sem eu saber se o sonho tinha acabado de começar ou se a vida me iria reservar mais alguma surpresa. Entreguei a minha alma, o meu corpo, todo o meu ser a algo que eu desconhecia e almejava simultaneamente encontrar, mas fui submetida ao mais tortuoso martírio, que é o sofrimento dos sentidos, quando o espírito e o desejo se fundem numa amálgama colorida e penetram na mais estranha ambiguidade do ser. Envolvi-me nessa aventura dos sentidos. Permiti-me encarnar todo o amor e entreguei-me à fantasia. Amei e sofri. Fui amada? Não sei... O que é o Amor, a não ser aquilo que quisermos fazer dele? 2000

Devaneios (V)

Once upon a time there was a beautiful girl who lived on a hill. She looked like an angel, but she didn’t have the wings to fly. She died without knowing how to live. 2000

Devaneios (VI)

Olhos de cristal... gotas de água pura e cristalina que se prende nas pétalas da mais perfeita rosa, esperando o desabrochar de um novo dia... Amo a tua solidão desesperadora, a tua obsessão pura por aquilo que é belo e inocente, mas não compreendo onde te escondes. Representas a minha procura e a minha renúncia... o que me faz lutar e desistir... a minha felicidade e o meu sofrimento... Amo aquilo que tens de sublime: essa mistura entre o bem e o mal, entre o negro e o transparente, na luta que travas contigo próprio. Amo-te e não sei porquê. Procurei esquecer-te, para te amar cada vez mais. 2000

Devaneios (VII)

Para onde foi o sonho, quando apenas restou a mágoa? Para onde foi a vida, agora que a morte assoma à tua porta? Para onde o amor, agora que a solidão é a tua única companhia? E no entanto foste tu quem quis assim... 2000

Devaneios (VIII)

A visão dos sonhos, da obscuridade do teu ser mais pleno que me renova e me faz sucumbir no meu próprio sonho, que nunca chegará a ser real. Procuras o meu corpo morto e já cansado para construíres promessas impossíveis de concretização, e eu verto as lágrimas que tento sufocar no teu coração ausente, no quebrar de um riso lamentavelmente nobre que subsiste para lá daquilo que suporta o meu amor por ti, transformado em mágoa. Desprendo-me do abraço que me transforma para além da realidade que edificámos, e enfrento a crueldade de um mundo que julga segundo preceitos que nunca ninguém escreveu, mas que a sociedade inventou. Qual é a verdade do teu olhar? O verdadeiro sabor de um beijo sentido que tu nunca me deste? O som das palavras ditas com o coração, que tu não sabes dizer-me? Porque de ti apenas me chegou a mentira encenada pela aparência de alguém que joga para ganhar. Não te odeio. Apenas desprezo. 2000

O Absoluto Não-Ser em Nós

Traços de sonho perdidos na noite... Brumas indeléveis de pecado... Cortinas de aço transparente... Procuras um sentido no absurdo do mundo, naquilo que evocam as emoções: Maquinarias despertas para o silêncio; Olhos cegos pela visão absoluta dos sentidos; Mãos que tacteiam a luxúria do aprisionamento; Submissão reflectida num jogo de poder. Jogas, perdes, apostas novamente. E, ao invés de caíres do alto, tentas levantar-te do lodo onde te encerras. Ilusões vagueiam ao sabor de uma dança de sombra, nas chamas bruxuleantes do desejo. Erguem-se as ondas de uma verdade escondida, e despedaçam-se contra as rochas do inalcançável. Queres mais, procuras, elevas-te, voas, aterras no sonho e despenhas-te na realidade de uma palavra que não foi dita. Não entendes, fechas-te ao mundo, és o que não queres ser, procuras o que sabes não encontrar. Cai o pano sob uma noite escura de lágrimas suspensas, esquecidas no entendimento daquilo que jamais será teu. Vazio... Defines-te o nada de tudo, o meio

Morte Temporária

Sinto. Estremeço, deixo o meu corpo vacilar perante a visão do teu corpo em chamas. Não quero ver, mas não consigo parar. Quero sair de mim mesma, mas isso é um pouco demais para pedir a um corpo tão imperfeito como o meu. Perante este espectáculo medonho em que te vejo arder, crepitar, e o teu corpo morto ficar sereno, sinto paz, para me sobressaltar logo a seguir: voltaste. Sorris com sarcasmo. Dizes que nunca te conseguirão vencer, e enquanto falas tornas-te grande, cresces diante dos meus olhos assustados; vais ganhar. É então que Alguém ateia a fogueira com força. Vejo-te tremer; queres desprender-te do fogo que te consome, mas ele é mais forte do que tu. Estranhos ruídos e misteriosos odores. Sofrimento. Gritas com dor; pedes à tua crença que te tire daquele mar de chamas. Dizes que odeias, que odiarás até morrer. Tenho medo. É então que te somes, gritando sempre. Preferiste o teu ódio. Preferiste o ódio ao amor. As chamas sobem infinitamente e, de repente, cessam. Já não há nada
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Corpo em chamas 

Desabafo de uma Louca

É nessas alturas delirantes de fogo em que a chuva bate de mansinho nos cantos do meu coração que me recordo do tempo dos sonhos e das conquistas desses meus devaneios desenfreados em que, suavemente, encostava a cabeça ao teu peito nú e me transportava para paraísos fechados e realidades mágicas de prazer incontido. Deixavas-me tão louca e tão segura de mim! Essas tuas promessas avassaladoras de paixão eterna, de risos inconfundíveis por entre os quais me davas a conhecer mais um milímetro desse teu mundo tão privado e tão secreto... e como eu me deixava agarrar pelos teus braços fortes e reencontrar-me no teu olhar sereno e tão especial! Fui uma marioneta nas tuas mãos, uma deusa entrelaçada no teu corpo, uma mulher-criança a bater à porta do teu coração, uma borboleta apagada por entre flores coloridas... fui o teu mundo, o teu riso e as tuas lágrimas... o teu poema, o teu desejo e o teu medo... fui aquela que mudou o curso da tua vida. Para melhor?... Para pior?... E onde estiveste
Vai alto o dia e o sol pôs-se no horizonte dos meus sonhos. É tempo de sonhar o adormecer, o ocaso de tempestades longínquas, o caos de um futuro sem presente. Vai alto o dia e a noite tolda os meus pensamentos, enxagua as minhas memórias, afaga as minhas ilusões. O meu olhar é um riso gelado que perpetua o silêncio ensurdecedor do meu ser. Devaneios passeiam-se pelo meu corpo, num êxtase enlouquecedor de carícias moribundas que já não são. Devolvo o olhar à mágoa, volto as costas aos recantos da solidão. Eu sou mais. Eu sou tudo o que eu quiser ser. Posso ser qualquer um, todos, tantos, mas não me encontro em nenhum. Desdobro-me em farrapos de metal, tiras de cetim, pedaços de vento. Eu sou tudo o que eu quiser. E o que sou eu? Apenas aquilo que nunca há-de ser. Vai alto o dia e o luar desponta no azul do mar. Anseio por dormir, desejo o ontem, desejo rasgar as noites de sol onde me perdi, sonho não mais odiar para poder encontrar-me onde fiquei.
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Dança de Sombras 
Entonteço. O pano cai. Levanto-me e olho o véu de luz que se formou, qual chama pálida de vela que se expande até formar o mais bonito e brilhante raio de sol. Sinto vultos estranhos à minha volta, dançando no fogo, que não falam, não vêem, não escutam, apenas dançam à roda, cada vez mais rapidamente. não têm forma humana, muito menos forma animal. São mistura da aura, da vibração, do espírito e da alma, procurando alcançar a luz para nela se adensarem e tornarem melhores. Aquele vulto sou eu, retirada de mim... Renasço. O pano abre. Sento-me na areia quente do sol e olho o mar cintilante. Apercebo-me da realidade da vida, que desconheço. Gaivotas voam em círculos. As ondas, furiosas, batem nas rochas, revoltadas. O brilho do sol enfraquece. Estrelas de prata enchem o céu, guardadas por uma única pastora, a lua cheia, qual lago prateado perdido na escuridão fria da noite. Por um momento relembro a dança mística das sombras, mas logo esqueço. Sinto a vida como como um fio de luz perdid