Devaneios (II)

A verdade que procuro para mim própria é aquela que os sentidos me negam, perdidos na mais absurda forma de acção daquilo que não é e não pode existir.
Sinto que navego num barco sem ancoradouro sem ponte onde amarrar a corda do destino e, no entanto, reconheço que a verdade da luz subsiste para lá das cortinas de aço que eu própria construí. Sei o que é o certo e o errado, e mesmo assim tento encontrar no errado algum aspecto positivo que me faça seguir em frente – mesmo sabendo que nunca o vou encontrar, porque ele não existe, nem mesmo na minha imaginação. Teia de sonhos, teia de enredos e de esperanças destruída por um dedo imaginário que padece na obscuridade de uma palavra que nunca será dita.

2000

Comentários

Sophia disse…
Às vezes as melhores palavras dizem-se nas entrelinhas. Parece-me que foi o que acabaste de fazer aqui. Para bom entendedor, meia palavra basta e tudo o que escreve se incorpora em nós, de algum modo muito bonito.

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