Vai alto o dia e o sol pôs-se no horizonte dos meus sonhos. É tempo de sonhar o adormecer, o ocaso de tempestades longínquas, o caos de um futuro sem presente.
Vai alto o dia e a noite tolda os meus pensamentos, enxagua as minhas memórias, afaga as minhas ilusões. O meu olhar é um riso gelado que perpetua o silêncio ensurdecedor do meu ser. Devaneios passeiam-se pelo meu corpo, num êxtase enlouquecedor de carícias moribundas que já não são.
Devolvo o olhar à mágoa, volto as costas aos recantos da solidão. Eu sou mais. Eu sou tudo o que eu quiser ser. Posso ser qualquer um, todos, tantos, mas não me encontro em nenhum.
Desdobro-me em farrapos de metal, tiras de cetim, pedaços de vento. Eu sou tudo o que eu quiser. E o que sou eu? Apenas aquilo que nunca há-de ser.
Vai alto o dia e o luar desponta no azul do mar. Anseio por dormir, desejo o ontem, desejo rasgar as noites de sol onde me perdi, sonho não mais odiar para poder encontrar-me onde fiquei.
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