O Absoluto Não-Ser em Nós

Traços de sonho perdidos na noite...
Brumas indeléveis de pecado...
Cortinas de aço transparente...
Procuras um sentido no absurdo do mundo, naquilo que evocam as emoções:
Maquinarias despertas para o silêncio;
Olhos cegos pela visão absoluta dos sentidos;
Mãos que tacteiam a luxúria do aprisionamento;
Submissão reflectida num jogo de poder.
Jogas, perdes, apostas novamente. E, ao invés de caíres do alto, tentas levantar-te do lodo onde te encerras. Ilusões vagueiam ao sabor de uma dança de sombra, nas chamas bruxuleantes do desejo. Erguem-se as ondas de uma verdade escondida, e despedaçam-se contra as rochas do inalcançável. Queres mais, procuras, elevas-te, voas, aterras no sonho e despenhas-te na realidade de uma palavra que não foi dita. Não entendes, fechas-te ao mundo, és o que não queres ser, procuras o que sabes não encontrar.
Cai o pano sob uma noite escura de lágrimas suspensas, esquecidas no entendimento daquilo que jamais será teu.
Vazio...
Defines-te o nada de tudo, o meio de algo sem começo. Mas, mesmo assim, és mais; renegas a tua essência numa ânsia louca de te mostrares como te não sabes.
Pétalas de sonho, quem te pensas? Quem te desejas para além daquilo que és? Raios de vento, cor de ilusão, quem te projectas no infinito da irrealidade? Sombras de luz, quem te sonhou, quem te criou nos recônditos do inconsciente?
Pétalas de sonho... raios de vento... sombras de luz... O infinito do Mundo, de nós próprios, daquilo que ninguém reconhece em nós mas que nos preenche e nos define.


18/02/2004

Comentários

Sophia disse…
Já o dizia Shakespeare no seu afamado "Hamlet" to be or not to be, that is the question... E o que seremos nós? O que os outros querem que sejamos, o que nós queremos ser ou seremos apenas o que somos e mais nada?

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