Metáfora

Olho a lua que enfeita a noite sombria, emitindo raios de luz ofuscante que violentam o meu ser.
Prende-me no meio dessa mórbida loucura dormente e expandida e permite-te voar, flutuar num espaço onde chovem estrelas de fogo colorido e ofuscante, e transporta-me nesse teu abraço esmagador e sublime até à mais perfeita forma de sentir aquilo que somos sem medo do julgamento que nos condena à morte. Somos um produto de algo puro e inconstante, maléfico e divino, protector e ameaçador. Corremos nesta corda bamba das emoções, dos risos sufocantes de lágrimas, e não sabemos se do outro lado subsiste a morte crepitante ou a salvação momentânea.
Sinto o teu beijo que queima os meus lábios por entre as sombras bruxuleantes do pecado que não vai existir, e procuro a essência da tua alma para além daquilo que a encerra.
Responde-me! Mata de uma vez a ilusão angustiante de quem ainda acredita num sonho que não é cremado pela vontade egoísta dos punidores dos que amam, mas mostra-me aquilo que és para lá de ti mesmo. Mata-me mas permite-me outra forma de vida.
Lançamos às chamas devoradoras do tempo a nossa herança de mágoas, e vemos a luz que ainda desponta no horizonte.
Olhamos as rochas lá em baixo e damos as mãos.
‘Ainda há esperança! ‘



15.05.2001


Comentários

Sophia disse…
Entre o real e o surreal, mantendo um ideal entre o físico e o platónico. Cheio de sensações e metáforas de alguém que, no fundo, só deseja ser feliz, amar e ser amado. Sim senhor, cada vez gosto mais de ler o que escreves (tal como o vinho do Porto: com a idade, só melhora!)
Heavenlight disse…
Tudo isto é o resultado de sentimentos muito contraditórios, mas no fundo é isso mesmo.
Obrigada pelos teus comentários sempre positivos e pela amizade!
Sophia disse…
Sempre às ordens, mas fazendo-o com muito gosto!!! :)

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