Procurei-te não sei em que fim de tarde de Outono, quando o sol começava a desaparecer atrás dos montes e os seus raios beijavam ainda as folhas vermelho-acastanhadas das árvores. Em frente a mim estendia-se um caminho de terra batida, antigo e esburacado, que se desdobrava mais adiante, como que a imposição de uma escolha a partir da qual se desenharia o futuro nas linhas da vida. Por trás de mim, ao fundo, erguiam-se os montes, imponentes, difíceis de subir, parecendo fundir-se com o céu e as nuvens. Por cima destas, bem lá no alto, vislumbrava-se já o recorte branco da lua, um traço fino como a pincelada suave e precisa de um artista, uma lágrima suspensa no céu. Dia e noite, sol e lua, coexistindo em harmonia, o equilíbrio perfeito entre a luz e a escuridão, a atracção inegável de dois opostos... Parei, no meio da estrada, sem saber o que fazer, qual o caminho a seguir. O vento não passava de uma brisa amena que acariciava o meu rosto; a minha sombra projectava-se no solo como uma ...