Pedra
Mordi a minha alma e ela voou para longe, numa viagem sem regresso. Eu fiquei ali, abandonada, pregada ao chão como um pedaço de pedra lascada sem destino. Já não sentia nada, e isso era tudo aquilo que eu queria. Ser pedra insensível ao amor, ao ódio, ao mundo, a mim própria. Desprender-me e renascer como um nada que se apaga sequencialmente até às raias da exaustão que não pode apreender. Mas não, não foi como eu quiz. A alma partiu, livre, mas o corpo ficou. Aos poucos foi saindo do torpor que o envolvera e então os meus olhos fitaram outros e brincaram com eles independentemente da minha vontade. A essência desses olhos arrepiou a minha pele e eu percebi que o meu corpo continuava vivo e sentia, oh, se sentia!!! Aninhei-me nuns braços fortes e caminhei em direcção às estrelas, louca e espontaneamente, sem medos ou vergonhas, sem amor, porque esse só se consegue com a alma e essa eu arrancara para sempre. Sou agora pedra que sente apenas aquilo que se permitir. Solidão? Não tenho me
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Trata-se da capa de um dos romances de Haggard, SHE, um dos meus livros preferidos.